Palavra · Reflexão

(Reflexão) À direita e à esquerda de Cristo – Marcel Domergue

tumblr_pehe7bhpcj1rrutr7o1_1280

O servo sofredor de Isaías e o sumo sacerdote compassivo da carta aos Hebreus foram duramente provados. Mas os seus sofrimentos trouxeram reparação e justificação para todo o mundo. Jesus foi provado com um segundo batismo e com um cálice amargo, que teve de beber. Aos discípulos, que pediam para “sentarem-se em sua glória”, Jesus respondeu que quem quisesse ser grande devia fazer-se servidor dos outros. Os lugares que Tiago e João lhe pediram foram ocupados pelos dois malfeitores, no dia da crucificação!

Referências bíblicas

  • 1ª leitura: «Oferecendo sua vida em expiação, terá descendência duradoura» (Isaías 53,10-11).
    Salmo: Sl.32(33) R/ Sobre nós venha, Senhor, a vossa graça, pois em vós nós esperamos!
  • 2ª leitura: «Aproximemo-nos então, com toda confiança, do trono da graça» (Hebreus 4,14-16).
  • Evangelho: “O Filho do homem veio para dar a sua vida como resgate para muitos” (Marcos 10,35-45)

Mania de grandeza

Quando pedem a Jesus para se sentarem, um à sua direita e o outro à sua esquerda, quando estivesse em sua glória, que ideia de “Glória” estariam fazendo os discípulos de Jesus? Pensavam, sem dúvida, numa tomada do poder. Na versão de Mateus, a palavra empregada é “Reino”. Pensavam que, um dia, Deus viria impor sua vontade, a sua Lei, para arrancar a humanidade das suas injustiças e atrocidades. Esta Lei ditaria as condições da paz entre os homens, a sua unidade, portanto. E, por consequência, nem uma vírgula nem um iota poderia dela ser apagado. A hora da Glória é, pois, a hora do julgamento do mundo e do triunfo sobre todas as condutas perversas que o submeteram à violência.

E os que se põem à direita e à esquerda do juiz serão os seus assessores, os seus assistentes. Não julguemos depressa demais ser um tanto pueril a ambição dos dois irmãos. Esta passagem do evangelho põe-nos, na verdade, em presença de uma pretensão secreta que habita também o mundo de hoje. E que talvez seja o motivo secreto do comportamento de muitos, mas sob a máscara muitas vezes das “virtudes” exibidas. Nem mesmo a Igreja está ao abrigo do carreirismo de alguns dos seus membros. Galões, condecorações, nomeações, em resumo, tudo o que distingue e separa alguém da multidão e polariza os olhares sobre si, sempre guarda o seu atrativo. O “último lugar” quase nunca é cobiçado. Pode-se citar e, até mesmo, professar o evangelho, mas comportando-se aberta ou secretamente conforme o seu contrário. Como podem existir “honrarias eclesiásticas”?

À direita e à esquerda

A hora do julgamento do mundo, da “tomada do poder”, foi a hora da crucifixão: quando, de fato, o pecado do mundo, a vontade de dominar que culmina na condenação e na condução à morte do único justo da história, foi desmascarada, exposta à vista de todos. Como diz o Evangelho de João, os olhos todos se voltaram para aquele que o nosso mal transpassou. Que este trecho do evangelho que lemos hoje refira-se à Cruz, é evidente, pois vem precedido dos anúncios da Paixão (8,31; 9,31 e 10,33-34, imediatamente antes do pedido dos filhos de Zebedeu). A resposta de Jesus, aliás, é uma alusão direta à Paixão: o anúncio do cálice que deve beber e do batismo no qual deve ser imerso. Desde o capítulo 9, estão a caminho de Jerusalém, para a Páscoa da crucifixão, sendo este contexto que dá o tom a tudo o que está escrito, a partir de Cesareia de Filipe.

Desde este ponto ao Norte, cidade praticamente pagã, onde os discípulos, pela boca de Pedro, reconhecem ser Jesus o Cristo, dirigem seu curso para o sul, para “a cidade que mata os profetas”. Ora, o relato da Paixão é o único texto de Marcos e de Mateus em que encontramos “direita e esquerda” como dois lugares com o mesmo valor. Temos aí, pois, aqueles para quem foram reservados os lugares de honra, na hora do julgamento do mundo. Dois malfeitores? Por certo, mas como ser de outro modo, se não há neste mundo senão um só justo, incluído, aliás, “no rol dos malfeitores”?

O julgamento do mundo

Na versão de Lucas, lemos que estes dois malfeitores proferem um julgamento: um condena Jesus em razão da sua impotência para escapar da Cruz. O outro diz ser a justo título que os dois estão condenados, ele e o companheiro, mas pronuncia o veredicto do não-lugar para Jesus, a quem julga “justo”, inversamente ao julgamento da multidão. Jesus toma, por sua vez, a palavra para absolver o “bom ladrão”. Podemos assim concentrar nossa atenção nos julgamentos todos, cruzados e entrecruzados, que são feitos pelos diversos protagonistas, como se o julgamento do mundo provocasse o despertar das consciências, para o melhor e para o pior.

Ficamos sabendo que os assistentes do Juiz só podem ser malfeitores, uma vez que não existe nenhum outro justo sobre a face da terra, a não ser Jesus. Nenhum jurado, portanto, dos nossos tribunais estará habilitado a jogar a primeira pedra. Este julgamento do mundo, no entanto, realizado desde a Cruz, ensina-nos que todo o mal que podemos fazer foi superado pelo amor deste que nos deixou tirar-lhe a própria vida, vida que por ele mesmo nos foi dada. O mal provoca, assim, um acréscimo de amor, de um amor que absorve este mal.

Paulo está de tal modo consciente disto que, em Romanos 6,1, escreve: “Que diremos então? Que devemos permanecer no pecado a fim de que a graça se multiplique?” Obviamente que não…! As cruzes que levantamos nas encruzilhadas, que afixamos em nossos tribunais, que alguns carregam ao pescoço ou que prendem no avesso de suas vestes significam a nossa adesão ao Reino do Amor, ao seu triunfo sobre a violência. Em vista disto, também nós estamos crucificados à direita e à esquerda do Cristo. Esta é a nossa glória.

Fonte: http://www.ihu.unisinos.br

Doutrina · Palavra · Reflexão

(Doutrina) Tempos Difíceis – Elben César

tumblr_ooxvcemxgv1sukqzmo1_500

Fizeste passar o teu povo por tempos difíceis. (Sl 60.3.)

De quem é o povo que está passando por tempos difíceis? Quem é a pessoa que fez esse povo passar por tempos difíceis? As duas perguntas têm uma só resposta: Deus.

Partindo do princípio de que “Deus é amor” (1Jo 4.8), não é estranho que ele faça o seu próprio povo passar por tempos difíceis. Além do mais, ele é soberano e faz o que bem entende, como, por exemplo, no caso dos gêmeos de Rebeca e Isaque: “Amei Jacó, mas rejeitei Esaú” (Rm 9.13).

“Tempos difíceis” às vezes são a conseqüência natural de uma conduta infeliz e equivocada. Depois do adultério e do assassinato de Urias, Davi passou por um longo e árduo período de “tempos difíceis”.

A explicação de Paulo é por demais oportuna: “O que o homem semear, isso também colherá. Quem semeia para a sua carne, da carne colherá destruição” (Gl 6.7,8).

A maturidade espiritual, o aperfeiçoamento do caráter, o crescimento da fé e muitas outras conquistas no que diz respeito ao aumento da comunhão do pecador regenerado com Deus têm muito a ver com os “tempos difíceis”. “Quando se retira a escória da prata”, explicam os Provérbios de Salomão, “nesta se tem material para o ourives” (Pv 25.4). Ora, a escória só se separa da prata no cadinho e a temperaturas elevadas. Daí se diz que o crisol (o mesmo cadinho) serve para produzir e evidenciar as boas qualidades de uma pessoa.

Em outro poema, o salmista chega a dar graças pelos “tempos difíceis”. “Foi-me bom ter eu passado pela aflição, para que eu aprendesse os teus decretos” (Sl 119.71, RA).

Precisamos aprender a dar graças pelos tempos difíceis. Foram eles que arrancaram o filho pródigo do chiqueiro de porcos e o trouxeram de volta para a casa paterna (Lc 15.11-32).

Fonte: http://ultimato.com.br/sites/devocional-diaria/2018/05/08/autor/elben-cesar/tempos-dificeis/

 

Palavra · Reflexão

(Reflexão) “Do trabalho de tuas mãos comerás…” [Sl 128, 2] – João Leonel

obreros-trabajadores-599x275

Em primeiro de maio, comemoramos o Dia do Trabalho.

A data remete às manifestações ocorridas na cidade norte-americana de Chicago, em 1886, quando milhares de trabalhadores reivindicaram jornada de trabalho de 8 horas diárias.

Nos anos seguintes a data foi formalizada e vários países passaram a comemorar as conquistas trabalhistas nesse dia.

O Brasil encontra-se em meio a discussões parlamentares para alteração das leis trabalhistas e previdenciárias. Há argumentos a favor, indicando a necessidade de atualização da legislação diante das mudanças ocorridas na sociedade brasileira. E existem argumentos contrários, alegando que tais propostas não atingem questões centrais, como o endividamento público ocasionado por má gestão e corrupção, e o perdão ou a não cobrança de dívidas bilionárias com a previdência de organismos e empresas privadas. A crítica é que, enquanto o trabalhador deverá assumir o ônus de tais alterações, pessoas físicas e jurídicas bilionárias sairão ilesas do processo.

Acrescente-se que as propostas de mudança ocorrem em um contexto de denúncias que se sucedem ininterruptamente trazendo à luz corrupções as mais variadas envolvendo setores privados e altas autoridades legislativas, executivas e, provavelmente, do judiciário.

Para a grande maioria da população brasileira, não haverá o que comemorar no primeiro de maio deste ano de 2017.

Para o salmista, um dos motivos de alegria na vida é comer do trabalho de suas próprias mãos. Poder sustentar-se e à sua família. Em torno da mesa, com filhos e esposa, ele constata as bênçãos e a bondade de Deus (Sl 128.3-4).

Ele não quer nada além disso. Não sonha com fortuna, com grandes viagens, casa luxuosa. Quer apenas viver do seu trabalho. Em um mundo onde não havia legislação trabalhista, direitos e deveres do trabalhador, sindicatos etc., o salmista trabalhador consegue manter a si e à sua família com seu trabalho.

Isso significa que não são necessárias leis para regular a vida em sociedade? Claro que são necessárias. Mesmo em uma sociedade muito menos complexa como Israel havia leis. Mas elas eram diferentes, em essência, daquilo que vemos ser discutido hoje no Brasil. As leis eram muito mais simples, em menor número, e a ideia principal era: as leis devem evidenciar o cuidado de Deus para com todos, principalmente para com os necessitados.

A lei incutia tal preocupação no coração dos judeus. Quando não houvesse lei, haveria o princípio básico: Deus exige que os menos favorecidos não sejam desamparados. Era uma lei teológica e moral.

Hoje, assusta a quantidade de leis que temos em nosso país. Busca-se com elas preencher brechas, tratar de temas omitidos, impedir interpretações equivocadas, sempre pressupondo a maldade daquele que usará a lei em proveito próprio e em detrimento do outro.

Mas, segundo a Bíblia, bastaria que nossas autoridades permitissem que, à semelhança do salmista, o povo brasileiro, principalmente o trabalhador humilde, seja no campo ou na cidade, pudesse viver dignamente do trabalho de suas mãos.

Será que, passados mais de dois mil anos depois que o salmista afirmou satisfeito poder viver do trabalho de suas mãos, é exigir demais daqueles que fazem leis e comandam os destinos da nação que permitam destino semelhante aos trabalhadores brasileiros?
Querer viver dignamente do trabalho de nossas mãos é exigir demais?

Fonte: http://www.ultimato.com.br/conteudo/do-trabalho-de-tuas-maos-comeras

Palavra · Reflexão

(Reflexão) Natal é presente… Natal é Jesus!

christmas-night-background-baby-jesus-birth-religious-nativity-advent_rwkogsemg_thumbnail-full01

Natal. Quando você pensa nessa data o que lhe vem à mente? Muito provavelmente, lhe venha ao pensamento a agitação que antecede o dia comemorativo e a calorosa troca de presentes. Aliás, os presentes são esperados tanto pelos pequenos quanto pelos grandes, não é? Presente… não há como negar a relação dessa palavra com o Natal. E há uma razão para isso que vai muito além de uma simples data comercial! É no dia 25 de dezembro que relembramos o nascimento do Salvador! O maior presente já dado ao homem.

A Bíblia diz que Deus amou tanto o mundo que deu seu Filho único, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna (Jo 3.16). Deus não levou em consideração nossas falhas, nosso comportamento ou nossos pecados. Ele nos amou e, por isso, nos presenteou com o que havia de melhor: Jesus! Aqueles que aceitam esse presente da graça de Deus têm a possibilidade de viver uma nova vida, repleta de significado e propósito. Todos os que aceitam os ensinos que o Salvador nos deixou e vivem de acordo com sua Palavra têm uma viva esperança de um dia estar com ele para todo o sempre   . Jesus, o presente de Deus à humanidade, é a fonte de toda vida, amor, paz, justiça, retidão e felicidade.

Neste Natal, quando estiver desembrulhando os presentes, não deixe de olhar para o céu! Lembre-se de que há mais de dois mil anos atrás o maior presente de todos já foi dado a você. Abra um sorriso de gratidão, peça que ele habite o seu coração e celebre tão maravilhosa bênção.

Feliz Natal!

Fonte: mundocristao.com.br

Palavra

(Palavra) Lamentações 5

sunsetwheatfield

“Lembra-te, Senhor, do que tem acontecido conosco; olha e vê a nossa desgraça.
Nossa herança foi entregue aos estranhos, nossas casas, aos estrangeiros.
Somos órfãos de pai, nossas mães são viúvas.
Temos que comprar a água que bebemos; nossa lenha, só conseguimos pagando.
Aqueles que nos perseguem estão bem próximos; estamos exaustos e não temos como descansar.
Submetemo-nos ao Egito e à Assíria a fim de conseguirmos pão.
Nossos pais pecaram e já não existem mais, e nós levamos o castigo pelos seus pecados.
Escravos dominam sobre nós, e não há quem possa livrar-nos das suas mãos.
Conseguimos pão arriscando as nossas vidas enfrentando a espada do deserto.
Nossa pele está quente como um forno, febril de tanta fome.
As mulheres têm sido violentadas em Sião, e as virgens, nas cidades de Judá.
Os líderes foram pendurados pelas mãos; aos idosos não se mostra nenhum respeito.
Os jovens trabalham nos moinhos; os meninos cambaleiam sob o fardo de lenha.
Os líderes já não se reúnem junto às portas da cidade; os jovens cessaram a sua música.
Dos nossos corações fugiu a alegria; nossas danças se transformaram em lamentos.
A coroa caiu da nossa cabeça. Ai de nós, porque temos pecado!
E por esse motivo o nosso coração desfalece, e os nossos olhos perdem o brilho.
Tudo porque o monte Sião está deserto, e os chacais perambulam por ele.
Tu, Senhor, reinas para sempre; teu trono permanece de geração a geração.
Por que motivo então te esquecerias de nós? Por que haverias de desamparar-nos por tanto tempo?
Restaura-nos para ti, Senhor, para que voltemos; renova os nossos dias como os de antigamente,
a não ser que já nos tenhas rejeitado completamente e a tua ira contra nós não tenha limite!”

Fonte: https://www.bibliaonline.com.br

Palavra

(Palavra) Lucas 22, 7 – 20

tumblr_omlet3nynt1sn35i0o1_1280

Finalmente, chegou o dia dos pães sem fermento, no qual devia ser sacrificado o cordeiro pascal.
Jesus enviou Pedro e João, dizendo: “Vão preparar a refeição da Páscoa”.
“Onde queres que a preparemos? “, perguntaram eles.
Ele respondeu: “Ao entrarem na cidade, vocês encontrarão um homem carregando um pote de água. Sigam-no até a casa em que ele entrar
e digam ao dono da casa: ‘O Mestre pergunta: Onde é o salão de hóspedes no qual poderei comer a Páscoa com os meus discípulos? ’
Ele lhes mostrará uma ampla sala no andar superior, toda mobiliada. Façam ali os preparativos”.
Eles saíram e encontraram tudo como Jesus lhes tinha dito. Então, prepararam a Páscoa.
Quando chegou a hora, Jesus e os seus apóstolos reclinaram-se à mesa.
E disse-lhes: “Desejei ansiosamente comer esta Páscoa com vocês antes de sofrer.
Pois eu lhes digo: Não comerei dela novamente até que se cumpra no Reino de Deus”.
Recebendo um cálice, ele deu graças e disse: “Tomem isto e partilhem uns com os outros.
Pois eu lhes digo que não beberei outra vez do fruto da videira até que venha o Reino de Deus”.
Tomando o pão, deu graças, partiu-o e o deu aos discípulos, dizendo: “Isto é o meu corpo dado em favor de vocês; façam isto em memória de mim”.
Da mesma forma, depois da ceia, tomou o cálice, dizendo: “Este cálice é a nova aliança no meu sangue, derramado em favor de vocês.

Versão NVI

Fonte: bibliaonline.com.br

Palavra · Reflexão

(Reflexão)Confortável com Deus – José Antonio Pagola

tumblr_nta1ol5W8e1rgq7ipo1_500

(Reflexão sobre o Evangelho segundo João 4, 5-42)

A cena é cativante. Cansado do caminho, Jesus senta-se junto ao manancial de Jacob. De imediato chega uma mulher para tirar água. Pertence a um povoado semipagão, desprezado pelos judeus. Com muita espontaneidade, Jesus inicia o diálogo com ela. Não sabe olhar para ninguém com desprezo, mas sim com grande ternura. «Mulher, dá-me de beber».

A mulher fica surpreendida. Como se atreve a entrar em contato com uma samaritana? Como se rebaixa a falar com uma mulher desconhecida? As palavras de Jesus surpreendem-na ainda mais: «Se conhecesses o dom de Deus e quem é aquele que te pede de beber, sem dúvida tu mesma me pedirias a mim, e Eu te daria água viva».

São muitas as pessoas que, ao longo destes anos, afastaram-se de Deus sem dar atenção ao que realmente estava a ocorrer no seu interior. Hoje Deus é-lhes um «ser estranho». Tudo o que está relacionado com Ele parece-lhes vazio e sem sentido: um mundo infantil cada vez mais longínquo.

Entendo-os. Sei o que podem sentir. Também eu me fui afastando pouco a pouco daquele «Deus da minha infância» que despertava dentro de mim medos, desgosto e mal-estar. Provavelmente, sem Jesus nunca me teria encontrado com um Deus que hoje é para mim um Mistério de bondade: uma presença amigável e acolhedora em quem posso confiar sempre.

Nunca me atraiu a tarefa de verificar a minha fé com provas científicas: creio que é um erro tratar o mistério de Deus como se fosse um objeto de laboratório. Tampouco os dogmas religiosos me ajudaram a encontrar-me com Deus. Com simplicidade deixei-me conduzir por uma confiança em Jesus que foi crescendo com os anos.

Não saberia dizer exatamente como se sustenta a minha fé no meio de uma crise religiosa que me sacode também a mim como a todos. Apenas, diria que Jesus me trouxe a viver a fé em Deus de forma simples desde o fundo do meu ser. Se eu escuto, Deus não se cala. Se eu me abro, Ele não se fecha. Se eu me confio, Ele me acolhe. Se eu me entrego, Ele me sustenta. Se eu me afundo, Ele me levanta.

Creio que a experiência primeira e mais importante é nos encontrarmos bem com Deus porque o percebemos como uma «presença salvadora». Quando uma pessoa sabe o que significa viver bem com Deus, porque, apesar da nossa mediocridade, os nossos erros e egoísmos, Ele nos acolhe tal como somos, e nos impulsiona a enfrentarmos a vida com paz, dificilmente abandonará a fé.

Muitas pessoas estão hoje abandonando Deus antes de tê-lo conhecido. Se conhecessem a experiência de Deus que Jesus contagia, iriam procurá-Lo. Se, acolhendo na sua vida Jesus, conheceriam o dom de Deus, não o abandonariam. Iriam sentir-se bem com Ele.

Fonte: http://www.ihu.unisinos.br

Palavra · Reflexão

(Reflexão) Foi buscar lã e saiu tosquiado – Luiz Carlos Ramos

tumblr_nm2lp3wo9d1s6llu0o1_1280
Lucas 19.1-10

    Tendo entrado em Jericó, Jesus ia atravessando a cidade. Ora, morava ali um homem rico, chamado Zaqueu. Ele queria muito ver quem era esse tal Jesus, mas não podia, por causa da multidão, e por que, embora fosse o maioral dos cobradores de impostos do lugar, era de pequena estatura.

Então teve uma ideia: correu adiante da multidão, até onde havia algumas árvores, e subiu numa figueira brava, certo de que assim poderia ver Jesus, quando por ali passasse.

Quando chegou àquele ponto do caminho, Jesus olhou para cima, viu Zaqueu e lhe disse: “Zaqueu, desça depressa, pois hoje pretendo ficar na sua casa.” Zaqueu desceu depressa e o hospedou na sua casa com muita alegria.

Só que os moradores do lugar, ao verem isso, começaram logo a resmungar: “Veja se isso tem cabimento. Este homem foi se hospedar justo na casa do maior pecador da paróquia!”

Zaqueu, então, se levantou e disse ao Senhor: “Senhor, pensei bem e tomei uma importante decisão: eu vou dar a metade dos meus bens aos pobres. E, já que tenho roubado tanta gente, a partir de hoje vou restituir-lhes quatro vezes mais o montante defraudado.”

Nesse momento Jesus exclamou: “Hoje a salvação entrou nesta casa, pois também este é filho de Abraão. Para isso mesmo veio o Filho do Homem: para buscar e salvar quem está perdido.”

 

* * *

Zaqueu queria ver Jesus e acabou sendo visto por ele.

Zaqueu era rico, tinha bens, mas não tinha quem lhe quisesse bem.

Zaqueu era o maioral dos publicanos, mas o menorzinho da multidão.

Zaqueu, perdido no meio do povaréu, procurava por Jesus para saudá-lo, sem saber que o filho do homem é que estava a procura do perdido para salvá-lo.

Zaqueu subiu depressa na árvore para ver Jesus, mas desceu mais depressa ainda para receber o Mestre na sua casa.

Zaqueu se humilhou ao subir, e foi exaltado quando desceu.

Zaqueu estava experimentando seu primeiro dia de felicidade, quando foi infernizado pelo resmungo dos vizinhos.

Zaqueu, que tirava dinheiro dos pobres, decidiu então dar a eles metade dos seus bens.

Zaqueu roubou muitas pessoas, mas no fim acabou restituindo quatro vezes mais a cada um a quem tinha defraudado.

Zaqueu era acusado de pecador pelos vizinhos, mas foi chamado de filho de Abraão por Jesus.

Zaqueu hospedou Jesus em sua casa sem saber que hospedava a sua própria salvação.

Enfim, como diria o velho ditado: Zaqueu foi buscar lã e saiu tosquiado. Mas pensam que ele achou ruim? Ao contrário, descobriu que isso foi, de fato, a melhor coisa que lhe poderia ter acontecido.

Descobriu, afinal, que aquela lã toda, que lhe pesava nas costas, só lhe causava terríveis dores, e o afastava de tudo o que era mais importante: das pessoas e de Deus.

Aconteceu com Zaqueu o mesmo que com o publicano arrependido, aquele da parábola de Jesus que era hostilizado por certo fariseu: Encontrou salvação para si e para sua casa.

Fonte: http://www.luizcarlosramos.net